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  O guardador de navios Na solidão de um velho navio enferrujado atracado num canto do cais com a companhia apenas do mar e do vira-latas Marujo o marinheiro antigo guarda os cascos vencidos pelo tempo cargueiros, barcaças, petroleiros obsoletos no navegar dos anos Relembrando histórias de gerações de pescadores das quais ele veio no silencio cortado momentaneamente pelo ronco dos aviões cortando o oceano-céu sente ainda, mesmo atracado, o balanço do navio quando as embarcações passam ele sabe... todo navio parado sente saudades de navegar... A memória das águas. O cheiro de peixe frito do almoço solitário percorre os longos corredores carcomidos uma canção emerge do rádio... Ao pôr do sol as silhuetas dos navios abandonados se desenham nas águas calmas num estranho e silencioso diálogo O marinheiro confere as amarras que mantém o navio atracado a noite se inclina sobre o mundo ele sabe que se soltá-las o velho navio se lançará