Haverá um tempo



Haverá o tempo
em que as mãos se procurarão naturalmente
e não por medo,
e serão menos duras e mais verdadeiras.
Mais suaves serão
os contornos dos silêncios
e por dentro, mais amenos.
Haverá o tempo
em que os olhos conterão cores
ainda não imaginadas pelas pessoas,
mas inteiramente possíveis e plenas.
Tempo em que as sementes
falarão através do silencio das árvores
e poetas serão
os que souberem semear as esperas
recolhidas em pele, voz e tempo.
Transformar em gestos
duradouros e serenos
o que for ofensa,
o que for pequeno.
Haverá o tempo
das palavras acontecerem
pela força própria dos momentos
com a naturalidade
com que chegam os ventos
mansos ou arrebatadores,
porém, inteiros.
Tempo de replantar os pensamentos,
fazê-los isentos de amargor e ser
ao mesmo tempo a chuva e
o solo do refazimento.
Renascer das solidões mais longas,
não temê-las,
purificar as dúvidas
com a coragem de confrontá-las
a qualquer momento
e esquecê-las.
Haverá esse tempo
e será agora e será sempre
o instante mesmo em que dentro estiver
o gesto por inteiro, o coração, a vontade,
o pensamento...
Haverá esse tempo
e será aqui, será todo dia,
estejamos atentos,
não nos afastemos,
nós o construiremos!

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